OLÁ, AVENTUREIRO!
É com muita alegria que te recebemos em nossa primeira revista. Esperamos, desde já, que você desfrute de toda a magia que vem por aí, viajando com Davih por um mundo fantástico e encantador.
E não podemos deixar de lembrar de que, para concorrer a brindes com o tema da nossa história, basta entrar em nosso Instagram:
@candeeiroeletrico
e conferir o que te espera.
Aprecie nosso conto!
Samuel Bandeira Braga
PRESENTE DOS ASTROS
“E como um feixe de luz, Davih surgira na aldeia dos Lumis.”
A LENDA DE DAVIH
Nossa história começa muito tempo atrás, na encosta das montanhas, lugar onde viviam os Lumis. Eles eram povos esguios que usavam vestimentas largas e belas, incrustadas de ouro, dedicavam a vida aos estudos, semeavam a terra, criavam animais e acreditavam nos Astros Celestes, a lua, o sol e as estrelas. Apesar de todo conhecimento, os Lumis careciam de força física em comparação aos saqueadores que, na época das colheitas, invadiam a aldeia para levar toda produção anual, enfraquecendo os povos e deixando o lugar em caos.
Com a crença nos poderes da natureza, os Lumis pediram aos Astros Celestes que mandassem a força necessária para vencer os saqueadores. Os Astros se comoveram e decidiram atender ao pedido, realizando o desejo daquele povo.
Surge uma esperança
Em uma noite, a lua fazia um belo espetáculo no céu, brilhando como nunca antes. Como um feixe de luz, surgia naquela aldeia uma criança. Ela foi encontrada em uma das montanhas pelos Observadores Lunares que todas as noites estudavam as constelações. Eles ficaram surpresos ao perceber que aquele menino era diferente de todos os outros. Não era pela cor azulada do cabelo ou pelo modo da chegada até ali, mas algo a mais: uma luz clara e fina que emanava do corpo dele, como uma estrela. Os Lumis logo entenderam que aquele garoto era o presente mandado pelos Astros, e então decidiram criá-lo, chamando-o de Davih, O Cosmo de Luz.
Davih cresceu na aldeia dos Lumis, e desde muito novo já demonstrava poderes. Sozinho, enfrentou invasores que tentaram saquear a aldeia, os vencendo facilmente com sua Espada Cintilante feita de Amazonita, um cristal muito raro e poderoso encontrado na beira de alguns rios. A luz que surgia de Davih era como a de um candeeiro em meio à escuridão. A cada batalha vencida, ele se tornava mais forte. Quando não estava lutando com os invasores, se divertia com amigos, pois ainda era uma criança e gostava muito de brincar.
Davih conquistou o coração de todos os Lumis desde a chegada, pois trouxe paz àquele lugar, e assim todos o viam como um grande herói, um guerreiro em ascensão. Mas ele tinha um sonho, que mudaria completamente sua vida caso fosse realizado. Ele desejava conhecer outros lugares, explorar as terras longe da aldeia e descobrir o que havia por lá, mesmo sabendo que os Lumis não gostavam da ideia. “Isso é muito perigoso, Davih, você já tem tudo o que precisa bem aqui!”, eles diziam. Sempre que ouvia aquelas palavras, Davih se sentia insatisfeito, como se toda sua força fosse um grande desperdício de poder. Certa noite, enquanto observava as constelações, como de costume antes de dormir, imaginando como seria a sua casa de origem, o menino avistou sobre a linha do horizonte algo inusitado. Observou que havia desaparecido o clarão que iluminava a floresta dos Falcos todas as noites. Passou pela cabeça a ideia de ir até lá ver o que estava acontecendo. “E se alguém estiver precisando de ajuda?’’ Seu coração começou a bater mais rápido, pois entrou em um grande dilema: Ficar ali e nunca saber o que ocasionou o apagão da luz misteriosa ou testemunhar de perto o acontecido.
Davih agiu! Pegou a espada e adentrou a floresta dos Falcos, nunca antes explorada por um Lumi. Ao chegar lá, percebeu que tudo era diferente do que havia imaginado. O solo era úmido por conta da névoa que cobria o ambiente, as pedras eram forradas por musgos e o crocitar dos corvos era amedrontador. Os silfos que ali habitavam quase passavam despercebidos, e a brisa chegava aos ouvidos como uma canção de terror orquestrada pelos galhos secos das árvores. Davih tentava esconder o temor pelo desconhecido, mas o suor que escorria pelo rosto, as mãos trêmulas e o coração que batia rápido deixavam claro o que sentia: um medo desconhecido até então.
O rugir de uma criatura, então, se fez presente, fazendo com que Davih ficasse atento. Da neblina surgiu um ser da altura de uma árvore; muitos pelos no corpo como um urso, apenas um olho avermelhado na face e uma grande boca no tórax. Nas três fileiras de dentes tão afiados quanto as presas de um javali, carregava as manchas de suas vítimas. Sem se entregar ao medo, Davih partiu para o combate. Mas a terrível criatura, com apenas um golpe, o fez desacordar. Considerado derrotado, Davih foi deixado para trás pela fera. Na queda, enfraquecido, perdeu a Espada Cintilante e, aos poucos, a consciência, sem acreditar ter sido vencido tão facilmente. Teria sido excesso de confiança? O ataque deixou uma profunda marca, uma cicatriz no rosto como lembrança, e assim o poder de Davih foi perdido.
DE OLHOS BEM ABERTOS
O Capitão Tupac é o grande conhecedor dos segredos da Floresta dos Falcos.
Iniciando a jornada
A manhã chegou, trazendo com ela os primeiros raios de luz para dentro da floresta. Acompanhado do cortejo dos pássaros, um homem andava calmamente a caminho da fonte de água, quando encontrou uma criança desacordada e machucada. Imediatamente, ele a tirou do chão e a levou para casa, naquela mesma floresta, para que ela fosse cuidada.
Davih acordou, ainda assustado e um pouco tonto. “Onde estou?”, perguntou para o homem que o socorreu e se chamava Capitão Sidarta Tupac. “Você está onde deveria estar, meu pequeno amigo!” Confuso, Davih não lembrava de nada após o ataque da criatura, sabia apenas que deveria recuperar sua Espada e tomar providências diante daquela circunstância. Assim que pôde se levantar, foi em direção à porta da casa. “Aonde você vai?”, perguntou o Capitão.
Davih exclamou em voz alta que iria pôr um fim na criatura de um olho só, que tentou acabar com ele. Precisava apenas da espada para resolver aquele empecilho. Mas nada era tão simples como ele imaginava. Tupac entendeu o que havia acontecido, e tentou explicar ao garoto. “Me parece que você foi atingido pelo Mapinguari, um Sombrio que vaga por esta floresta à procura de vítimas, e é uma criatura muito furiosa. Sai sempre à noite para caçar, pois não pode entrar em contato com a luz para não desaparecer diante dos raios solares. Pelo que vejo, ele te machucou a ponto de você perder seus poderes.”
Davih franziu a testa em choque, abismado, sem acreditar. Notou, porém, que havia algo diferente em si mesmo, como se sua luz radiante já não brilhasse com tanta intensidade. Tentou dar um dos seus poderosos saltos, mas apenas levantou poeira sobre a casa do Capitão Sidarta. Não convencido, saiu aflito e mirou no primeiro alvo que viu à frente, uma árvore de tronco sólido. Socou-a com tanta força, mas tudo o que Davih conseguiu foi sentir uma intensa dor no punho.
Era nítida a verdade. Davih perdera os poderes que um dia pareceram ser desperdício, e que agora fariam muita falta. Mas Tupac sabia que o garoto era especial, e ofereceu: “Posso devolver seus poderes, mas para isso você deverá ser obediente, disciplinado e dedicado”. Davih o olhou, imaginando como o Capitão faria isso, se nem mesmo ele tinha algo especial, além de um tapa-olho e um cajado velho. No entanto, não havia outra saída a não ser confiar. Voltar para casa daquela forma era inaceitável, seria motivo de vergonha para seu povo, algo que Davih jamais se permitiria. Então, ainda que relutante, ele decidiu aceitar o apoio do Capitão Sidarta. E, assim, uma nova jornada começava.
A Atalaia da Floresta
Passaram-se dois ciclos lunares desde o início do treinamento realizado pelo Capitão Tupac. De roupas novas para treinar, Davih acordava todos os dias junto com o sol para buscar água para ele e o Capitão. Essa água era encontrada nas árvores, que puxavam das raízes até os galhos um fluido limpo e cristalino que enchia os pesados baldes de Davih. Aquele era o primeiro desafio, seguido de uma grande subida até o topo das rochas flutuantes. Essa subida o fazia ganhar força, equilíbrio e resistência. Movido pela fúria, Davih usava sempre o máximo de suas forças, de tal forma que estava sempre se machucando. Mas isso não importava para ele, ao contrário do Capitão, que exigia atenção e concentração ao máximo como parte do treinamento.
Após a dura rotina, Davih praticava mais exercícios com Tupac, que o ensinava como desenvolver a Grande Força Interior. Tupac dizia: “Se você acreditar que uma coisa é impossível, você nunca a tornará possível”. Davih não entendia muito bem as parábolas do Capitão, mas as escutava com atenção. Os treinos pareciam não ter fim, e Davih sentia muitas coisas ao mesmo tempo. A cada dia, passava por um conjunto de novas experiências, percebendo que seus poderes eram mais valiosos do que ele imaginava, e recuperá-los exigiria constante dedicação.
Queria encontrar o Mapinguari o quanto antes para pôr fim àquela história de uma vez por todas! O Capitão Tupac dizia que ainda não era o momento, e Davih, por mais obstinado que fosse, entendia claramente. Afinal, ouvir o rugido do Mapinguari que ecoava na floresta durante a noite era o suficiente para dissolver sua coragem.
Navegando em pensamentos, Davih lembrava do dia em que perdeu os poderes e sentia um frio indescritível subir pela espinha. Seu humor era como o de uma pedra e o semblante carregava um olhar vazio e tristonho. Todo aquele esforço, por vezes, era como andar na areia movediça; seus poderes foram tomados e aquilo era tudo. Davih pensava em desistir. Já não importava mais o que ele fizesse, sua força fora tirada e não seria mais a mesma. Voltar para casa e viver como um garoto normal parecia ser a saída para os problemas. Logo desistiu do treinamento e quis encontrar o caminho de volta para casa. Quem sabe, derrotar o Mapinguari não fosse mais sua missão. Deveria ter escutado os Lumis e nunca ter saído da aldeia. Davih estava bastante arrependido.
O Capitão Sidarta Tupac notou aquele olhar cabisbaixo e explicou para Davih o porquê de não desistir. A chegada dele até a Floresta dos Falcos não fora por acaso, nada daquilo era. Havia povos ameaçados, vilarejos em perigo, famílias sem abrigo, moradores de aldeias com medo de sair para caçar, tudo por causa dos Sombrios. Tupac, então, decidiu contar a lenda de Esmeralda, a Atalaia da Floresta.
“Existe uma criança, cujo propósito é proteger a floresta contra os Sombrios, seres vindos da escuridão da noite. Ela usa o poder dos cristais, pedras místicas e brilhantes, capazes de afastar tudo o que for do mal. Esmeralda fora escolhida pois seus olhos encantados despertavam confiança nos que lhe deram o título de Atalaia. Esse título é passado de geração em geração para os que nascem naquela aldeia e são responsáveis por proteger, desde muito cedo, tudo o que eles podem chamar de lar. Centrada sobre a Pedra Circular, Esmeralda podia mandar a luz dos cristais para toda a floresta durante a noite, afastando os perigos que assustavam os moradores das redondezas. Em uma noite, porém, a neblina tomou conta da floresta. Ofuscou drasticamente a luz emitida por Esmeralda, o que permitiu aos Sombrios se espalharem pela região, causando medo e devastação. O Mapinguari foi uma dessas criaturas que escaparam. Não intimidado por Esmeralda, ele conseguiu arrancá-la da Pedra Circular, tirando dela a consciência e os poderes, deixando-a presa a um sono profundo. Agora, sem Esmeralda, todos que vivem na floresta temem os perigos que nela habitam, e muitos estão com medo de sair de casa.”
O Capitão Tupac sabia dessa lenda por ser um homem sábio. O tempo em que ficou na floresta o fez entrar em sintonia com tudo ao redor e permitiu que se comunicasse com as plantas, os animais e a vasta natureza. Davih conseguiu entender o que o havia atraído à Floresta dos Falcos. Fora destinado a salvar os povos que precisavam de ajuda, como ele sempre imaginou; e, sendo assim, cumpriria a nobre missão.
A MENINA DOS OLHOS ENCANTADOS
“Existe uma criança cujo propósito é proteger a floresta contra os Sombrios.”
O confronto final
A Grande Força de Davih seria despertada, como Tupac ensinou. Para isso, ele se sentou no chão da casa, fechou os olhos, respirou fundo e tranquilizou os pensamentos. Em pouco tempo, pôde perceber todos os seus sentimentos, desde o medo até a coragem, sentindo dentro de si A Grande Força da qual Tupac havia falado. O medo, aos poucos, desaparecia, sumia da mente, deixava o espaço livre para o aprendizado.
As emoções foram reequilibradas, como um eixo de volta ao centro. Mergulhado em profunda concentração, Davih conseguiu sair do solo, e voar já não parecia impossível. Ter a mente limpa de insegurança o possibilitava enxergar tudo com mais clareza sem precisar abrir os olhos. Ele podia ver o Mapinguari, a Esmeralda e até os Lumis; todos eram observados com exata perfeição.
O brilho de Davih reacendia, emitia um clarão tão belo que até a lua se inclinava para ver de onde vinha tanta luz. Ele, então, reconheceu com clareza o que faz o herói: não é a espada, mas os seus motivos. Com a força recuperada, cabia a ele usá-la com sabedoria. Naquele glorioso momento, Davih escutou o rugir do Mapinguari, que voltava a fazer vítimas. Desta vez, ele não temeu. Estava pronto!
O Capitão Tupac sabia que Davih podia vencer, e assim o confiou a Joia de Amazonita, feita com o que tinha sobrado da Espada Cintilante. O Capitão fez com que a Joia surgisse ao suspender seu cajado para o alto, sacudindo três vezes. Ele entregou a Davih a relíquia de cor verde, que representava a esperança, e o orientou a deixá-la o mais próximo possível de Esmeralda para que pudesse emitir energia suficiente para despertá-la do sono profundo. Davih, obedecendo ao Capitão, apanhou a Joia e seguiu rumo ao seu destino.
Ao chegar ao local frio e pouco iluminado, onde se encontravam o Mapinguari e Esmeralda, Davih conseguiu, com astúcia, colocar o objeto brilhante bem perto da menina sem que o monstro percebesse. O Mapinguari, no entanto, notou a presença de Davih, que brilhava com muita intensidade. Sem se intimidar com a luz do Cosmo, a criatura saltou em direção a ele, que, munido de bravura, desviou do ataque. Sem temer, o garoto acertou a fera com raios de luz que, apesar de não atravessarem a rígida pele, detiveram a criatura.
Davih precisava de tempo para que Esmeralda pudesse despertar. Mas, como ironia do destino, o Mapinguari percebeu que havia algo próximo à menina. Ao avistar a Joia de Amazonita, a tomou do chão e engoliu, tornando-se incrivelmente mais forte. Esmeralda ainda não havia despertado e Davih estava quase sem fôlego.
O Mapinguari se mostrava invencível. Tudo parecia estar perdido, quando, com bravura e coragem, Esmeralda despertou do sono profundo. Ela abriu os olhos encantados e revelou sua força além da imaginação. O breve tempo pelo qual a Joia ficou próxima dela foi suficiente para retomar os poderes. A energia da menina era semelhante a de Davih. Mas ela podia controlar os cristais, e assim o fez. Com maestria, pôde fazer com que a Joia engolida pelo Mapinguari revirasse o estômago dele e o enfraquecesse. As vítimas foram saindo, uma a uma, de dentro do monstro pela sua enorme boca. Esmeralda usou o poder máximo, congelando o Mapinguari de dentro para fora com a Joia engolida. Ele foi transformado em uma estátua de pedra, derrotado para todo o sempre.
Davih sentia-se melhor, estava recuperado e sua missão fora cumprida. Aquilo que testemunhou o fez perceber o quão forte era Esmeralda. A Atalaia da Floresta estava despertada e precisava afastar os Sombrios que restavam. Ela retornou à Pedra Circular para emanar sua luz por toda a floresta. Davih apenas a observou, admirando o poder da Atalaia. A luz emitida por ela transmitia paz, e Davih naquele instante deu apenas voz ao silêncio.
Chegava o momento de voltar para casa e contar tudo o que viveu para os Lumis. Mas, antes, Davih precisava ir até o Capitão Tupac e agradecê-lo por tudo, pois sem ele nada teria acontecido. Ao chegar, o sol já nascia mais uma vez. Davih entrou na casa, abrindo a porta devagar com um grande sorriso no rosto e um brilho no olhar. O Capitão, que já o aguardava, olhou para ele e percebeu o motivo da felicidade. Tupac o abraçou e disse que sempre soube que ele era capaz de vencer, bastava acreditar, pois esse é o verdadeiro poder de um herói. Pediu apenas mais uma coisa, que Davih voltasse para casa, pois os Lumis sentiam saudade e queriam saber o que havia acontecido. Davih não hesitou, já sabia que era a hora de voltar para seu povo.
Ao reencontrarem o menino, os Lumis ficaram surpresos e contentes, vendo que ele estava bem, mesmo com uma cicatriz no rosto. Davih foi recebido com cortejos e cânticos de suas histórias. A floresta se transformou em um lugar seguro, e o desconhecido, apesar de parecer assustador, se revelou fundamental para que novas descobertas fossem realizadas. Todos os povos puderam explorar, cada vez mais, aquela vasta região, vivendo dias de paz.
Ao reencontrarem o menino, os Lumis ficaram
POR UM FUTURO ILUMINADO
“A luz de Davih reascendia, emitindo um belo clarão para todos ao redor.”